Se somarmos todos os conhecimentos adquiridos nos últimos 2.000 anos + IA teremos construído uma obra prima de um poder inimaginável. Todo este conhecimento tem fortes polaridades, tanto positivas como negativas. Nos dias de hoje, uma centena de pensadores e cientistas acham que nossa humanidade precisa realizar um salto de qualificações objetivando atender à grande árvore de conhecimentos soerguida e consolidada em nosso planeta.
Durante o longo processo evolutivo da Terra, foi criado o gênero humano. Em determinado momento o ser humano foi adquirindo diversos graus de inteligência e de habilidades. Nos últimos 2000 anos, construímos com nossa inteligência um progresso crescente e exponencial. Nossa curva evolutiva nesses últimos 200 anos foi espetacular. Passamos por uma era nuclear, fomos à lua, participamos das prodigiosas concepções e teorias de Einstein, do nascimento da mecânica quântica e de milhares de outras descobertas. Para coroar este imenso somatório de saber/poder, estamos prontos para dar vida a um novo tipo de entidade. Trata-se de uma máquina criada por nós, e que terá habilidades e uma inteligência artificial que possivelmente serão muito superiores às nossas. Esta máquina terá a habilidade de pensar, tomar decisões por si mesma e agir conforme desejar. Se esta máquina terá ou não um dia uma autoconsciência, ou outros atributos até então restritos aos humanos, ainda não sabe por completo. Mas sabemos que suas habilidades serão superiores às nossas. Isto tudo poderá acontecer em menos de 20 anos. No futuro, poderemos desaparecer como espécie líder e dar lugar a um mundo de máquinas. Nada disto é ficção ou só tema de filmes futuristas. Como disse, ainda não sabemos. Mas milhares de pensadores e cientistas acham que a inteligência artificial é um passo de alto risco à nossa espécie.
Por que estamos dando vida a uma criatura que poderá decidir sobre a erradicação do gênero humano?
A resposta é simples e ao mesmo tempo muito complexa. Temos uma imensa necessidade de ampliar e competir pelo poder, seja com pau e pedras ou com ogivas nucleares. Hoje, estamos determinados a povoar outras regiões do cosmo. Este objetivo somente poderá ser possível com a ajuda de máquinas avançadas. Por exemplo, no pouso na Lua em 1960, foi utilizada dezenas de computadores para que a raça humana pudesse realizar com sucesso sua missão. Em Marte, no futuro, ou além dele, a máquina com inteligência artificial poderá ser o melhor parceiro do gênero humano para atingimento das metas estabelecidas. Somos a espécie mais inteligente na face da Terra, mas temos limitações frente a muitas das metas estabelecidas para o final deste século. Estas limitações certamente poderão ser compensadas com a evolução da cibernética e de outras centenas de novas ciências.
Em vários aspectos, a necessidade e a criação da inteligência artificial procedem e fazem sentido. Porém, sabemos que estaremos liderando o gênio da lâmpada com o objetivo de atender nossos desejos e necessidades. Não sabemos, até o momento, o quanto o gênio da lâmpada será fiel a seu mestre.
Um fato, porém, permanece óbvio: não sabemos ou poderemos controlar/gerenciar o poder acumulado no ano de 2050. Já dependemos (no mundo moderno) de milhares de máquinas. Sem elas, voltaríamos a uma pré-história em curtíssimo espaço de tempo.
Os sistemas computacionais, sejam militares ou civis, cada vez mais, demandam uma espantosa velocidade de processamento e de geração de respostas e contra-ações. Estas demandas nos levaram a produzir os primeiros computadores na década de 60 e de prosseguirmos na construção de equipamentos cada vez mais complexos a cada novo dia. Em 2019, esta corrida tecnológica receberá um forte apoio através do maior desenvolvimento da mecânica quântica. Como resultado, nasceram os computadores quânticos. Portanto, com a atual tecnologia, a curva ascendente da evolução das máquinas terá pouquíssimos limitadores. Porém, é sempre útil lembrar que a “tomada elétrica” que desliga estas máquinas hoje poderá não estar mais disponível em nosso futuro.
O processo evolutivo de todo o Universo tem sua formação através de um complexo e lento mecanismo. O gênero humano usufrui nos dias atuais de uma variedade de progressos formados através das eras: fogo, roda, escrita, pólvora etc. Um novo ritmo evolutivo surgiu a partir da primeira grande guerra (1910) e, desde então, presenciamos uma aceleração incomum no volume das novas descobertas. Nas últimas décadas, o conhecimento passou a jorrar na forma de uma poderosa cascata. Este fato é real, percebemos e sentimos na pele os efeitos e demandas desta impressionante velocidade em nossos cenários. Estamos acelerando nosso saber a uma velocidade exponencial. Este novo ritmo poderá se apresentar como uma faca de dois gumes. Neste ritmo de desenvolvimento, poderemos ser conduzidos a diversos cenários entrópicos. Portanto, o saber/poder a partir de um certo ponto (ano de 1900) passou a crescer por si mesmo. Vamos explicar melhor: após o ano de 1900, uma única descoberta poderia nos levar rapidamente a uma segunda descoberta, e estas duas a muitas outras. Tudo que foi descoberto nos últimos 200 anos foi realizado em intervalos de tempo cada vez menores. No passado, era necessário um intervalo de milênios entre as descobertas iniciais. Hoje, podemos reduzir estes ciclos para poucos dias. A ciência aproveita os conhecimentos anteriores para inferir a criação de um novo, complementar ou mais aperfeiçoado.
Temos neste contexto uma certeza: haverá um perigoso encontro de várias forças em um mesmo intervalo de tempo – 2030 a 2050. Quando a inteligência artificial se estabelecer na Terra, ela irá se somar e interagir, de modo imediato, com todo o patrimônio de conhecimentos pré-existentes na comunidade internacional. O temor gerado em 2019 está centrado na previsão de qual será a resultante deste novo somatório. Este evento, certamente, irá corresponder a uma plataforma de poder/saber inimaginável. Em linguagem matemática/temporal, estamos considerando todo o somatório do passado evolucionário dos últimos 100.000 anos + o advento da inteligência artificial. Teremos uma arquitetura de saber/poder incontrolável. Não existe ou existirão palavras para descrever este novo patamar de saber/poder. Nossa espécie não tem nos dias atuais, e muito menos em 2050, a sabedoria ou competências suficientes para gerenciar de modo sadio e equilibrado esta incrível massa de conhecimentos. Em face de complexos interesses políticos, bélicos e econômicos, os grandes líderes não têm interesse no bem global. Eles estão claramente voltados para mecanismos nacionalistas de preservação de suas respectivas nações. Os líderes sabem que os avanços acumulados nos últimos 300 anos nos colocam em um caleidoscópio variado de riscos para todas as espécies de vida na Terra. Não temos como represar e controlar o volume de saber/poder que estará presente em 2050. Todas as nações irão desejar construir seus muros de proteção contra os efeitos globais originados de erros em nossa gestão planetária no passado. Pode parecer um termo grosseiro, mas esperamos uma época de “salve-se quem puder”.
Evolução não pode ser gerada apenas com tecnologia e conhecimentos
Os passos evolutivos precisam ter a capacidade de serem gerenciados em prol da criação e valorização da vida. No mundo prático, seguimos nossa essência predadora e utilizando a máquina de guerra em favor de quem deseja conquistar.
O nascimento da inteligência artificial
O nascimento da inteligência artificial é um fato concreto e irá ocorrer em um cenário internacional de múltiplos interesses. Breve, seremos mais de oito bilhões, com um complexo sistema econômico, político e militar. Seremos detentores de centenas de armamentos de extinção em massa. A “coroa” que estará no topo desse novo conjunto será representada pelo advento da inteligência artificial. O conhecimento total em 2050 não irá estagnar. Em sua próxima dobra até 2100, ele nos dará um nível de saber/poder que não será compatível com a modelagem homo sapiens que conhecemos. Será preciso nascer uma outra categoria evolutiva para os seres humanos futuros.
Pelos últimos 10.000 anos, podemos ver que a evolução do ser humano é extremamente lenta e já deixa muito a desejar no ano de 2019.
O fato mais interessante é que o conhecimento de todo o material acima não levará você ou eu a mudar em quase nada o futuro do mundo. Porém, você poderá com este e outros conhecimentos redefinir seus atalhos e caminhos que diminuam os impactos originados no “grande todo” sobre o sucesso de seu “pequeno mundo”. Isto nós podemos e devemos fazer.